OS MENINOS
Dormem em posição absoluta
Mistos de sonho e dor, nus na gruta
Sob a luz que os estampa e executa
Rompantes de impotência bruta
Dormem em posição fetal de luta
A avistar o centro, adentro, ultra
Sonoros gestos sem escuta
Gestos de cor em cor abrupta
Dormem em posição irresoluta
Ao apagar da existência súbita
Sós, entre o só e a disputa
Premente na cabeleira arguta
Dormem, enfim, em posição soluta
Irmãos em mãos serenas e minutas
Signos da solidão que se permuta
A caminhar pelo sonho em mentes muitas
E se dormem até que o acordar resulta
Se entre dentes, severos, ou outra
Posição que a mente insulta
Voltam ao dormir que a vida avulta
Marcley de Aquino